Carta do Mestre João

A Carta do Mestre João é um documento histórico com grande significado para os estudos história, foi escrito pelo o espanhol João Faras ou João Emeneslau, também conhecido como Mestre João, que foi um físico e astrônomo português. Esta carta foi escrita em 1º de maio de 1500, logo após a frota de Pedro Álvares Cabral ter chegado ao Brasil. A carta foi endereçada ao rei Manuel I de Portugal e contém uma descrição inicial das terras recém-descobertas e de suas observações astronômicas e geográficas.

Quem foi João Faras?

João Faras foi possível cristão-novo, também conhecido como Mestre João, foi um médico, físico, astrônomo e cosmógrafo português do século XVI. Ele é mais conhecido por ter participado da frota de Pedro Álvares Cabral durante a viagem que resultou na descoberta do Brasil em 1500. Sua importância histórica se deve em grande parte à carta que escreveu ao rei Manuel I de Portugal, logo após a chegada ao novo território, que oferece uma visão inicial das novas terras descobertas e contém valiosas observações astronômicas.

Sua importancia para a astronomia.

A carta do Mestre João, também, situa geograficamente a Ilha de Vera Cruz, revelando ser a ilha já conhecida. Mestre João Faras foi a primeira pessoa quem realizou as primeiras observações astronômicas no território brasileiro, é o único texto escrito na semana em que a frota ficou ancorada na atual Baía Cabrália que contém um esboço descritivo das estrela do céu brasileiro.

Aqui estão alguns pontos importantes sobre a Carta do Mestre João:

  • Primeiras Impressões do Brasil: 

Mestre João descreve suas impressões sobre as terras brasileiras, destacando a vegetação exuberante e as condições climáticas favoráveis. Ele relata que o local onde a frota desembarcou, provavelmente no atual estado da Bahia, era de uma beleza natural impressionante.

  • Observações Astronômicas:

Como astrônomo, Mestre João fez importantes observações sobre o céu do Hemisfério Sul, ajudando a melhorar o entendimento das constelações e a navegação para os navegadores portugueses. Ele menciona a constelação do Cruzeiro do Sul, que não era visível da Europa.

  • Informações Geográficas:  

A carta também contém informações sobre a localização geográfica das novas terras, embora nem todas as suas estimativas estejam corretas segundo o conhecimento moderno.

  • Interações com os Indígenas:

Mestre João faz menções breves sobre os povos indígenas que encontraram, descrevendo seus hábitos e costumes. Esta observação é importante para os estudos históricos sobre o primeiro contato entre europeus e indígenas brasileiros.


Tradução para o português

Senhor: O bacharel mestre João, físico e cirurgião de Vossa Alteza, beijo vossas reais mãos. Senhor: porque, de tudo o cá passado, largamente escreveram a Vossa Alteza, assim Aires Correia como todos os outros, somente escreverei sobre dois pontos. Senhor: ontem, segunda-feira, que foram 27 de abril, descemos em terra, eu e o piloto do capitão-mor e o piloto de Sancho de Tovar; tomamos a altura do sol ao meio-dia e achamos 56 graus, e a sombra era setentrional, pelo que, segundo as regras do astrolábio, julgamos estar afastados da equinocial por 17°, e ter por conseguinte a altura do pólo antártico em 17°, segundo é manifesto na esfera. E isto é quanto a um dos pontos, pelo que saberá Vossa Alteza que todos os pilotos vão tanto adiante de mim, que Pero Escolar vai adiante 150 léguas, e outros mais, e outros menos, mas quem diz a verdade não se pode certificar até que em boa hora cheguemos ao cabo de Boa Esperança e ali saberemos quem vai mais certo, se eles com a carta, ou eu com a carta e o astrolábio. Quanto, Senhor, ao sítio desta terra, mande Vossa Alteza trazer um mapa-múndi que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra; mas aquele mapa-múndi não certifica se esta terra é habitada ou não; é mapa dos antigos e ali achará Vossa Alteza escrita também a Mina. Ontem quase entendemos por acenos que esta era ilha, e que eram quatro, e que doutra ilha vêm aqui almadias a pelejar com eles e os levam cativos. 

Quanto, Senhor, ao outro ponto, saberá Vossa Alteza que, acerca das estrelas, eu tenho trabalhado o que tenho podido, mas não muito, por causa de uma perna que tenho muito mal, que de uma coçadura se me fez uma chaga maior que a palma da mão; e também por causa de este navio ser muito pequeno e estar muito carregado, que não há lugar para coisa nenhuma. Somente mando a Vossa Alteza como estão situadas as estrelas do (sul), mas em que grau está cada uma não o pude saber, antes me parece ser impossível, no mar, tomar-se altura de nenhuma estrela, porque eu trabalhei muito nisso e, por pouco que o navio balance, se erram quatro ou cinco graus, de modo que se não pode fazer, senão em terra. E quase outro tanto digo das tábuas da Índia, que se não podem tomar com elas senão com muitíssimo trabalho, que, se Vossa Alteza soubesse como desconcertavam todos nas polegadas, riria disto mais que do astrolábio; porque desde Lisboa até às Canárias desconcertavam uns dos outros em muitas polegadas, que uns diziam, mais que outros, três e quatro polegadas, e outro tanto desde as Canárias até às ilhas de Cabo Verde, e isto, tendo todos cuidados que o tomar fosse a uma mesma hora; de modo que mais julgavam quantas polegadas eram, pela quantidade do caminho que lhes parecia terem andado, que não o caminho pelas polegadas. Tornando, Senhor, ao propósito, estas Guardas nunca se escondem, antes sempre andam ao derredor sobre o horizonte, e ainda estou em dúvida que não sei qual de aquelas duas mais baixas seja o pólo antártico; e estas estrelas, principalmente as da Cruz, são grandes quase como as do Carro; e a estrela do pólo antártico, ou Sul, é pequena como a da Norte e muito clara, e a estrela que está em cima de toda a Cruz é muito pequena. Não quero alargar mais, para não importunar a Vossa Alteza, salvo que fico rogando a Nosso Senhor Jesus Cristo que a vida e estado de Vossa Alteza acrescente como Vossa Alteza deseja. Feita em Vera Cruz no primeiro de maio de 1500. Para o mar, melhor é dirigir-se pela altura do sol, que não por nenhuma estrela; e melhor com astrolábio, que não com quadrante nem com outro nenhum instrumento. 

Do criado de Vossa Alteza e vosso leal servidor. 

Johannes artium et medicine bachalarius

Comentarios sobre a Carta do Mestre João.

Mestre João Faras o médico e astrônomo, era um possível judeu sefardita, convertidos como cristão novo.

A carta situa geograficamente a "ilha de Vera Cruz", revelando ser a ilha já conhecida antes da Descoberta do Brasil, segundo a citação da Carta do Mestre João Faras para  rei Manuel I

Quanto, Senhor, ao sítio desta terra, mande Vossa Alteza trazer um mapa-múndi que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra; mas aquele mapa-múndi não certifica se esta terra é habitada ou não; é mapa antigo e ali achará Vossa Alteza escrita também a mina.(…)".

Concluindo 

A "Carta do Mestre João" é um dos primeiros relatos europeus sobre o Brasil e serve como um documento complementar à famosa "Carta de Pero Vaz de Caminha" e a ''Relação do Piloto Anônimo'' ,  que é geralmente mais detalhada e famosa por descrever a descoberta do Brasil para o rei Manuel I. Ambos os documentos são fundamentais para o entendimento do início da colonização portuguesa nas Américas.

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